sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Os Garotos de Liverpool

Hoje é um dia histórico para mim. À poucas horas atrás me redimi de uma das maiores falhas de minha vida: não ter nenhum CD do Beatles. Resolvi deixar de lado a avareza (pelo menos por hoje) e botar a mão no bolso. Às cegas, tateei a prateleira da loja até encontrar um disco dos caras. Levei sorte. Achei, logo de primeira, uma coletânea: “The Beatles One”, álbum da banda que traz todos os seus singles que chegaram em primeiro lugar nas paradas de sucesso ao redor do mundo. Uma verdadeira overdose (das boas) dos garotos de Liverpool.

O termo “famosos” é pouco para defini-los. Todas as pessoas que pretendem conhecer quais foram as figuras mais influentes da história da música, certamente vão ouvir falar desse quarteto inglês. Jonh, Paul, George e Ringo são considerados até hoje um dos maiores fenômenos pop da humanidade. Estima-se que eles venderam sozinhos 1 bilhão e meio de discos no mundo inteiro, entre LPs, singles, K7s e Cds (!!!!). Sucesso estrondoso. Além disso, eles são responsáveis por inúmeros outros recordes no ramo fonográfico que dificilmente vão ser batidos (quem quiser tirar as dúvidas a respeito do que eu estou falando, pode dar uma passadinha rápida no Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_beatles ).

E é aí que eu entro. Admito que apesar de toda minha admiração pelos Beatles, vinda já de tempos remotos, não foi esse o motivo principal que me fez ir em busca do CD. Estava desesperado atrás de uma canção específica: “Help!”. Já fazia algum tempo que a melodia dela estava travada dentro de minha cabeça clamando por liberdade. Precisava urgentemente ter aquela música à minha disposição para exorcizar de vez a vontade louca que sentia de ouvi-la. O que eu não esperava, era encontrar no álbum outros 26 motivos para ficar cantarolando o dia inteiro com meu inglês de filme.

Geralmente para absorver todo o conteúdo de um CD, preciso ouvi-lo três ou quatro vezes enquanto faço outra coisa qualquer (como escrever baboseiras como essa, ou jogar paciência). Dessa forma, consigo me acostumar com tal sonoridade a ponto de afirmar se o álbum em questão é bom ou não é. Já perdi as contas das vezes em que achei um determinado CD horrível da primeira vez em que eu o ouvi, e que depois da segunda, terceira ou quarta tentativa, ele tenha se tornado agradável.

Com “One” isso ao foi possível. Não deu tempo. Sabe aquele momento em que você ouve os primeiros segundos de uma música e não consegue deixar de dar um sorrisinho de satisfação? Pois é. Foi o que aconteceu comigo hoje. “Love Me Do”, a primeira canção do álbum, é o soco na boca do estômago mais prazeroso que alguém pode tomar. É simplesmente impossível escapar ileso ao efeito contagiante causado pelo single. Dá vontade de sair por aí pulando e passando a mão na bunda de todo mundo. É felicidade pura. Difícil até de explicar.

A seqüência do CD é igualmente empolgante. Hits como “She Loves You”, A “Hard Day’s Night”, “I Fell Fine”, “Help!”, “Yesterday” e “Yellow Submarine” vão se alternando numa deliciosa reação em cadeia que só tem fim 27 faixas depois. Pouco menos de uma hora e vinte minutos de uma das mais agradáveis epopéias musicais que já tive o prazer de ouvir.

Em tempo: nunca concordei com a afirmação de que os Beatles foram “gênios da música”. Os caras tem uma obra magnífica, fantástica, impressionante e isso é fato. Ir contra tais afirmações é ignorar a razão. De qualquer forma, “genial” sempre me pareceu um adjetivo grande demais para quem quer que fosse, com raríssimas exceções. Mas, o fato é que depois de ouvir “One”, estou pensando seriamente em rever minha teoria. Eles podem até não ser geniais, mas, cá entre nós, eles são bons pra caralho!!

Enquanto escrevo isso, ouço pela terceira vez consecutiva o álbum. Paixão à primeira vista? Talvez… meu único problema será conseguir arranjar forças para parar de ouvir as peripécias musicais desses quatro garotos que saíram de uma cidade inglesa chamada Liverpool e ganharam o mundo. Acho que vou precisar de ajuda. Help!!