domingo, 25 de fevereiro de 2007

20 e poucos anos

Pois é. Hoje, dia 25 de fevereiro é o meu aniversário. Quem diria, hein? 20 anos.

O tempo passou rápido. Rápido demais. Parece que era ontem que eu corria pela casa com meus brinquedos enfiando a cabeça na parede, para desespero de meus pais. Eu era assim mesmo. Meio “avoado”. Quem me conhece bem sabe que apesar do tempo, essa característica não mudou muito. Ainda sou o mesmo pirralho alegre e solitário (filho único) que arranjava meios alternativos de se divertir todos os dias.

Sabe... passei a semana inteira bolando um discurso para fazer aqui. Queria algo sonoro, bonito de se ler. Queria. As idéias não vieram. Pensei então em fazer um resumão de minha vida, uma sinopse daquelas bem atrevidas contando os inúmeros clímax espalhados diante desses 20 anos. Também não deu certo. Tudo o que sinto é uma vontade louca de compartilhar minha alegria e alguns agradecimentos merecidos as pessoas que me fizeram ser quem eu sou. E acho que é isso que vou tentar fazer nestas próximas linhas.

É difícil citar tantos nomes importantes. Felizmente tenho o orgulho de dizer que me faltam dedos para contar todas as boas pessoas que cruzaram meu caminho e me influenciaram positivamente. Tive muita sorte. Pai, mãe, parentes e os amigos do peito (do tórax e do abdome também) em geral, sempre estiveram junto a mim quando mais precisei. Nunca me faltaram ombros para chorar, muito menos mãos estendidas para me ajudar na difícil mas necessária tarefa de levantar e seguir em frente depois dos tombos que tomei. Graças a Deus (esse é outro a quem eu devo muita coisa), nunca me esqueci e prometo nunca me esquecer quem são essas pessoas. Gratidão felizmente não me falta. Apesar de meio caquético, minha memória e meu coração ainda continuam intactos.

O que será do meu amanhã ainda é um mistério. Aliás, nem sei se terei um amanhã. A vida costuma ter um senso de humor perverso, pior que o meu. Tenho expectativas, ambições, mas acima de tudo tenho a certeza de que terei que ralar muito para chegar onde eu quero. Já dizia o ditado que é possível vencer pela sorte, competência ou dedicação, mas nunca sem trabalho.

Sei lá... quero ter uma bela esposa, um filho cabeçudo (herança genética), um bom emprego (de preferência numa redação), a trilogia em DVD do “Corra que a Polícia Vem Aí” e um CD dos “Strokes”. Muita saúde, paz e uma porção generosa de amor. Todos os ingredientes básicos, necessários para que possa ser feliz pelo resto de minha vida. É pedir muito? É sim, eu sei que é. É por isso mesmo que prometo lutar todos os dias da minha vida para ser digno de tal privilégio. O caminho é longo, mas eu devo isso a todos os que confiaram e torceram por mim. É questão de honra.

Afinal de contas, como diria o lendário Neném Beiçola: “O importante nessa vida, é a vida que se leva. O resto, não vale nada”.

É isso. Perdão pelas palavras pouco inspiradas. Admito que já fui melhor nessa tarefa de escrever abobrinhas. Deve ser a idade.

Abraços efusivos a todos os que se lembraram desse pobre menino cabeçudo.

Passar bem.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Acuidade

Eu sabia, eu juro que sabia. Estava fuçando a Internet atrás de boas notícias (item raro ultimamente), quando, para minha surpresa, encontro uma matéria das mais esclarecedoras: "jogar videogame melhora a visão".
O texto trás uma rápida explicação à respeito de um estudo feito por uma pesquisadora americana sobre o tema. Para surpresa quase geral, ela descobriu que o habito de jogar não só não prejudica a visão, com serve para melhorar nossa "acuidade" visual em até 20%.
E eis que a verdade nos é revelada.
E agora senhores, vocês que já passaram inúmeras tardes tentando fazer o Mário escapar ileso daqueles desfiladeiros, pensem comigo: imaginem a utilidade que esse estudo teria se tivesemos acesso a ele na nossa infância:

-Lucas, sai da frente desse negócio. Você já passou a manhã toda aí.
-Não mãe, não vou sair.
-Peraí, peraí, peraí... eu entendi direito, ou você está me desafiando mocinho?
-Não mãe, imagina...
-Você não sabe que se ficar em frente a isso por muito tempo, com o passar dos anos sua vista vai ficar ruim? Videogame demais faz mal!
-Não mãe, não faz não. Estudos recentes mostram que o habito de jogar videogame pode melhorar a acuidade visual em até 20%.
-Como?
-Acuidade visual! Nossa capacidade de percepção visual... Sabe? Ela fica mais aguçada.
-E onde foi que você viu isso, hein? Naquelas porcarias de programas que você assiste?
-Não. Na verdade eu li no jornal do papai. Sabe? Aquele que a senhora diz que é o de maior credibilidade do país.
-Ah... sério? Bem... mas isso deve ser mentira. Pesquisa fajuta é o que mais tem por aí e...
-Na verdade essa é uma pesquisa desenvolvida por uma importante estudiosa de uma universidade americana.
-Bem, mas...
-E a propósito: eu acho que a senhora deveria passar a jogar um pouco. Tenho percebido que você anda meio mal dos olhos ultimamente. Um pouco de videogame poderia lhe ajudar.
-Será?
-É... quer tentar?
Ela pensou um pouco enquanto observava o controle que seu filho lhe oferecia. Resolveu topar.
-Tudo bem! Mas só um pouquinho...
-Ok.
-Quem é o baixinho?
-Mãe, eu lhe apresento o Mário Broz.

Tá ok... exagerei um pouco. Mas pensem na hipótese.
Maldita ciência. Nunca está lá quando precisamos dela.
Hunf...

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Dia de folia

Marcos e Beatriz, o jovem casal que tinha se mudado do Rio de Janeiro para Curitiba, estava apreensivo. A mudança de ares era recente, de menos de um ano. Marcos recebeu uma proposta de emprego irrecusável, e não teve escolha a não ser deixar para trás os amigos e o resto da família.

O começo tinha sido difícil, mas agora todos já estavam adaptados. Beatriz, acostumada às tardes de 40° típicas do Rio, quase teve um treco ao encarar os inúmeros dias de geada que costumeiramente assolam Curitiba. Essa sem dúvida tinha sido a pior parte. No mais, não tinham do que reclamar. A cidade era linda, limpa, e as pessoas apesar de meio fechadas tinham o seu valor. Marcos, falante como ele só consegue ser, já tinha feito inúmeras amizades ao redor da vizinhança a exemplo de sua esposa e de seu filho, o Paulinho, que já estava tão habituado ao novo ambiente que começou a “sotaquear” seus primeiros “leite quente”, para desespero dos pais que faziam o possível para ensinar o garoto a puxar o “s” com vontade.

Tudo ia bem, mas a família estava ansiosa por uma ocasião específica que ainda não tinham tido a oportunidade de presenciar: o primeiro carnaval de suas vidas fora da Cidade Maravilhosa.

Aquela era uma data especial para eles. Tinham se conhecido num baile de carnaval, ainda crianças. Ele vestido de pirata. Ela de fada. Marcos corria ameaçando os coleguinhas aos berros dizendo “eu sou o pirata da perna de pau e vocês serão o meu almoço”. Sua mãe achou uma graça: além de pirata, canibal. Obviamente não tinham lhe explicado qual o real significado daquele modelito. A correria prosseguia a todo o vapor quando uma das vítimas da fúria do garoto se escondeu atrás de Beatriz implorando por ajuda. Ela, ao perceber a aproximação do garoto não teve dúvidas: sacou a varinha de condão e disse:

-Pluft, plaft, zum! Ordeno que você seja um pirata bonzinho!

A rima não era o ponto forte da garota, mas não importava. De fato sua “mágica” conseguiu acalmar a pequena fera, que após ouvir as palavras proferidas pela fada, parou de correr e passou a admirar aquela linda menina. Depois disso, brincaram a noite toda juntos. Viraram bons amigos. Anos depois, em outro baile de carnaval, deram o primeiro beijo. Desde então nunca mais se separaram, e nunca mais deixaram de “fazer folia” nessa data tão significativa para ambos.

Marcos até tentou descolar alguma dica com os colegas de trabalho sobre qual o era o grande agito do carnaval curitibano, mas tudo o que ouviu foi um conselho para ficar em casa e alugar um filme. Tinha até chegado a ouvir alguma coisa sobre a “folia no litoral”, mas preferiu não arriscar. Uma praia chamada “matinhos” não era digna de confiança, ainda mais nessa época.

Não tinham muita alternativa. Já era sábado. Estavam com o coração doído. Ainda acreditavam na louvável hipótese de que um milagre acontecesse e eles finalmente encontrassem um lugar com alguma diversão para foliões sedentos de serpentina como eles. Até lá, ficariam em casa, vendo na TV o desfile das escolas de samba de São Paulo. Se nenhuma novidade surgisse, no dia seguinte iriam vasculhar a cidade toda se fosse preciso, mas iriam sim curtir a data. Mesmo assim, o desânimo era visível.

Foi aí que, para surpresa de Beatriz que assistia ao desfile quase aos prantos de emoção (e olha que era samba de paulista), o Marcos gritou:

-Amor! Corre aqui! Vem ver isso...

Beatriz foi, e quase teve uma convulsão tamanha a felicidade que estava sentindo em função do que acabara de ver: na janela, a algumas quadras dali, um grande aglomerado de pessoas seguia lentamente. Não tinham dúvidas: era um bloco de carnaval.

Plano de emergência: Marcos imediatamente rumou para o sótão buscar sua fantasia da Portela que tinha usado no desfile do ano passado, enquanto Beatriz tentava improvisar uma fantasia de diabinha com um vestidão vermelho e o espeto da churrasqueira. Paulinho também queria participar. Para isso foi preciso apenas pegar uma bermuda velha rasgada em vários lugares, uma camisa esburacada, um pouco de ketchup no rosto e nos braços e uma rápida aula com o pai sobre como andar arcado e gemendo: eis um perfeito zumbi mirim.

E lá se foram eles. Saíram de casa aos berros, cantando marchinhas antigas, para o desespero dos vizinhos que demoram a entender a situação.

-O que é que deu no Marcos e no resto da família? Estão agindo feito loucos!

-Estranho... por que será?

-Não sei!

-Será que não é porque estamos no carnaval?

-Carnaval? E isso existe por aqui?

E lá se foram eles, caminhando rápido em busca do bloco que tinham avistado de casa.

-“O teu cabelo não nega, mulata...”

Estava felizes. Era tudo novo, mas sabiam que iria valer a pena. Chegaram a duvidar de que iriam conseguir pular o carnaval. Beatriz, pensando consigo mesma chegou a rir de tamanha besteira: “Imagina... e eu que cheguei a pensar que por aqui ninguém gostava disso! Como eu sou boba.”

-“Atravessando o deserto do Saara, o Sol estava quente e queimou a nossa cara...”

Estavam chegando perto. Podiam ver ao longe uma penumbra de luz, o que era novidade para eles. Já tinham visto muito blocos do gênero, mas aquela era a primeira vez que avistavam um grupo de foliões que pulavam carnaval com o que pareciam ser velas. Era exótico, mas prometia ser divertido. Estavam cada vez mais perto.

O grupo caminhava lentamente e parecia não estar lá muito animado. Cantavam uma música meio esquisita, com um som meio melancólico. Não tinha cara de carnaval. Marcos ao longe se revoltou:

-E isso lá é jeito de fazer folia? Peraí que agora as coisas vão mudar: eu cheguei!

Estufou o peito, checou rapidamente seu repertório carnavalesco e caprichou na escolha: cantaria o último samba campeão da Portela lá no longínquo 1984, época em que ainda era um moleque. E lá foi ele, berrando a plenos pulmões:

“É cheiro de mato

É terra molhada

É clara guerreira

Lá vem trovoada”

Parou tudo. O aglomerado de pessoas que seguia em frente estagnou-se imediatamente. Muitos se viraram para acompanhar o que estava acontecendo. Beatriz também tinha entrado no ritmo, e agora, a exemplo do marido, cantava o tão querido samba enredo da Portela:

“Epa hei, Iansã! Epa hei!”

Paulinho também estava no clima e balbuciava meia dúzia de vogais tentando acompanhar o ritmo frenético de seus pais. Era pura alegria. Quem diria: estavam pulando carnaval em Curitiba, na companhia de um bloco de rua não muito animado, é verdade, mas que pelo menos lhes dava a sensação de estarem em casa.

-Mas que palhaçada é essa?

O senhor gordinho, vestido de terno preto e com óculos escuros parecia chateado. Marcos não entendeu ao certo o motivo do stress do moço. Devia ser parte da fantasia. O cara parecia ser um agente daquele filme chamado “MIB”. Tentou puxar papo, sem parar de pular e jogar serpentina pro alto:

-E aí companheiro?! Muitos alienígenas por aí?

-Ora seu...

O homem avançou furiosamente sobre Marcos, que recuou instintivamente enquanto um outro grupo de pessoas conteve o ímpeto homicida do senhor de terno. Recuperado do susto, o carioca protestou.

-Mas o que é que foi isso? Que tipo de bloco permite que um homem assim participe? Esse cara é perigoso, tentou me agredir! Cadê o segurança?

Beatriz parece ter se dado conta do que acontecia, mas não teve tempo de explicar a situação para o marido. Antes que pudesse alerta-lo um padre saiu do meio da multidão perguntando.

-Mas afinal de contas o que é que está acontecendo aqui?

-Eu é que pergunto! Eu tava aqui, na minha, curtindo um pouco quando esse cara tentou me agredir. Porra... que tipo de bloco de carnaval é esse?

-Bloco de carnaval?

-É... bloco de carnaval! E o que mais poderia ser?

Beatriz realmente tinha se dado conta do estava acontecendo. Sentiu um frio medonho no estômago e tentou novamente avisar o marido sem sucesso.

-Marcos...

-Agora não amor! Deixa que eu resolvo isso com esses caras...

-Olha... eu não sei o que é que você está pensando meu filho, mas acho que é melhor ter um pouco mais de respeito com esse momento, por favor!

-Respeito? Qualé cara?! Eu vim aqui de boa, sem stress, trazer minha família pra curtir o carnaval! Agora o senhor, um cara fantasiado de padre, vem tentar me dar uma lição de moral? Me poupe!

-Fantasiado? Olha, eu acho que definitivamente o senhor não está entendendo a situação!

-É claro que estou! Vocês não querem que nós, pessoas de outros estados, participemos desse seu bloco de carnaval mixuruca! Eu entendi sim... é preconceito!

-Amor...

-Agora não Beatriz! Me deixa resolver essa situação agora e...

-CALA A BOCA MARCOS! ISSO AQUI É UM VELÓRIO!

-Como?

-Um velório! Será que você não percebeu que esse é um padre de verdade e que logo ali na frente tem uma moça chorando em cima de um caixão!

Marcos parou, olhou com calma, e finalmente se deu conta: realmente estava num velório. Era o enterro da dona Rosélia, uma senhora de 95 anos, religiosa fervorosa, que odiava carnaval e que teve como última vontade ser levada para o cemitério numa procissão.

Situação constrangedora. Depois de muito pensar, Marcos ainda tentou contornar a crise:

-Poxa vida gente, desculpe. Eu não sabia que isso era um velório. É que eu vi o movimento, e como é carnaval eu achei que esse era um bloco de rua, entendem?

Ninguém parecia ter entendido. Beatriz tentou dar apoio ao marido.

-Pois é gente... desculpem, viu? Foi realmente uma grosseria da nossa parte ter feito isso!! Desculpa mesmo, tá?

Marcos ainda tentou ser “simpático”:

-Tudo bem pessoal, ela morreu! Mas é carnaval poxa! “Vâmo animá!”

Ambos foram expulsos do local entre berros e ameaças de agressão. Finalmente tinham se dado conta de que viviam em uma cidade onde carnaval não era algo lá muito importante.

Mas nem tudo estava perdido. Ao chegar em casa, Marcos deu ordens específicas para a esposa fazer as malas: iam rumar para o litoral paranaense no dia seguinte. Mesmo com um certo receio, teria que conhecer a tal de “Matinhos”, ápice máximo da folia naquele estado.

De madrugada, Marcos estava com insônia. Abraçado ao travesseiro não conseguia deixar de pensar numa incômoda teoria de conspiração:

-Porra! E se aquele caixão fosse na verdade uma fantasia? Será que eles nos enganaram?

“Hei, você aí! Me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí!”

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Bons tempos

Quem teve a oportunidadade de desfrutar a infância no início da década de 90 deve se lembrar daquele que é um dos maiores ícones televisivos da época: Jaspion.
Não adianta negar, fingir que não entendeu, ou mudar de assunto: quem assisitiu um ou outro episódio desse herói japonês, certamente guarda uma pontinha de saudade. Se não de saudade, pelo menos uma curiosidade mórbida de tentar lembrar alguns dos detalhes da saga que se apagaram com o tempo em nossa memória. Esse era o meu caso.
Do herói me lembrava apenas do visual hi-tec, do robo gigante, de uma ou duas cenas marcantes, e da enorme empolgação que sentia quando tocava a trilha de abertura. Só isso.
Felizmente a tecnologia evoluiu, e com o fenômeno da Internet, procurar amostras desses momentos nostalgicos se tornou uma tarefa das mais simples. Nesse caso, é claro, o You Tube é uma mão na roda.
E caramba... fiquei pasmo! Coitadas das gerações que tiveram os Power Rangers como "heróis robóticos" de modelo. Nada se comparava aos ataques ninjas e as manobras acrobáticas produzidas pelo Jaspion. O cara era demais. Os efeitos especiais trash não deixam nada a dever as séries atuais. E a trilha sonora... ah, a trilha sonora! Um japa loco cantando melodias cretinas onde tudo que se compreende é "Jaspion". É demais. Impossível não ficar arrepiado ao ouvir aquela musiquinha que tornava minhas (nossas) tardes tão felizes.
Exagero? Duvido! Eu sei que você leitor, isso... você mesmo que está lendo essa babaquice, você já foi fã do Jaspion. Admita. Não adianta negar, fazer careta, ou rir da minha cara. Vocês são fãs tão saudosistas e hietéricos como eu fui.
Quer a prova? Assista a abertura da série e tente no dar uma risadinha de felicidade.

Depois disso, regenerado, lhes recomendo um bônus: o último episódio na íntegra. É ou não pra ficar rindo de orelha a orelha? Não sei como pude sobreviver todos esses anos sem a figura heróica desse monstro sagrado do entretenimento mundial.

E acredite: meu filho ainda a de se tornar um admirador do Jaspion e de suas aventuras. Eu prometo.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Obrigado

Pois é pessoal. Esta tinha tudo para ser uma ótima semana, mas, infelizmente, começou de uma forma não muito boa... levei um "sabão" daqueles. Um tapa na cara doído que ainda não assimilei direito.
O que aconteceu? Acho que não vale a pena nem entrar no assunto. Basicamente fui acusado com argumentos pouco louváveis, e isso de certa forma resume o conjunto da obra.
No começo fiquei triste comigo mesmo. Me senti um canalha. Depois pensei, repensei, e cheguei a conclusão: a culpa não foi minha! Meu humor melhorou por causa disso? Curiosamente não.
Sei lá... é difícil explicar, mas ainda estou triste. Comigo e com os outros. Com o mundo. Com a falta de valores que nos submetem a situações cretinas como essa. Com a minha falta de coragem e de espírito kamikaze que me dariam forças para pegar a verdade e esfregar na cara de quem me fez me sentir mal. Mas eu sou assim, não adianta. Prefiro engolir a dor sozinho e manter a amizade, o respeito mútuo, do que chutar o balde e falar sobre o que está me sufocando. Não guardo mágoas, e é apenas questão de tempo pra isso passar. O importante não é vencer a discussão, e sim ter a certeza de seus argumentos.
Mas enfim... escrevo para agradecer o apoio de toda a galera que "me deu moral", a todos que me fizeram sentir-se melhor de novo (Júlia, Alberto, Anna, Paula, Simone, Toninho, Veínho, Dan e demais amigos, que se não entenderam os motivos de meu mau humor, pelo menos se puseram a disposição pra me apoiar). Valeu galera. Vocês moram aqui ó...
E, para finalizar, concluo com a frase lendária do meu herói favorito: Rocky Balboa! Homem, cuja uma das maiores conquistas da carreira, foi nocautear no primeiro assalto a concordância lingüística e o bom senso:

"Nada acaba enquanto o fim não chega."
Rocky Balboa

Eis tudo!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

E lá se vai um escritor...

A notícia é velha, mas vale a pena repercutir: Sidney Sheldon morreu. O escritor norte americano, autor de livros não muito bem vistos pelos críticos, era uma dos mais “produtivos” da literatura americana.

Conheci ele à pouco tempo. Estava passeando numa livraria com uma amiga quando ela abraçou um livro dele e disse: “Adoro esse cara”. Semanas depois, numa de minhas andanças pela biblioteca, topei com uma de suas obras: “Conte-me Seus Sonhos”. Sujeito curioso que sou, não tive dúvidas. Emprestei o livro com o intuito de conhecer qual era o estilo do cara.

A história era boa. Meio impalpável é verdade, mas envolvente. Sheldon tem uma narrativa misteriosa, agradável, que se não é brilhante do ponto de vista intelectual, é perfeita para nos fazer perder algumas horas à espera do desfecho.

No fim das contas gostei do livro. O final tinha sido fraco, era verdade, mas não dava para não admitir o fato de que tinha me envolvido com a história.

Semanas depois ainda li outro exemplar. Admito, com vergonha, que não me recordo o nome desse livro. Lembro-me apenas da história. Envolvia a presidente de uma empresa de comunicação, o presidente dos Estados Unidos, e um assassinato misterioso (!!!). O enredo também era meio forçado, mas novamente, suficiente para ter me feito ficar satisfeito.

Depois de morto descobri que ele era mais famoso do que supunha. O cara é considerado o autor mais traduzido no mundo pelo Guinness (aquele livro... o dos recordes). Além disso, ele foi o autor de inúmeras séries famosas que eu também não conhecia. Ou seja: o cara era ninja.

Se você não conhece nada a respeito desse ilustre senhor, mas está curioso, recomendo que corra para uma livraria. Afinal de contas, ele pode até estar morto, mas sua obra está aí, e merece ser conferida.

A propósito: não liguem para o que os críticos dizem. Sheldon não era nenhum Shakespeare, mas tinha seu valor. Quem ama o feio, bonito lhe parece, gosto não se discute, e eu adoro usar uma expressão clichê.

Abraços efusivos.

Links úteis:

Matéria sobre a morte de Sidney Sheldon.

Artigo sobre Sidney Sheldon na Wikipédia.

Conto romântico

Existem certos momentos na vida da gente que são exclusivos. Ocasiões que sabemos que só irão acontecer uma vez na nossa vida, e que muitas vezes nós nem ao menos estávamos preparados para aproveitar. Acontece. No entanto, existem outros momentos em que nos vemos surpreendidos por uma determinada situação, e quando achamos que vamos nos dar bem, tomamos uma rasteira das mais constrangedoras. Também acontece. Ou melhor: aconteceu comigo.

Era um daqueles dias de Sol forte mas de baixa temperatura. Coisas que só um curitibano entende. Embarquei no ônibus no centro da cidade rumo à faculdade. Aquele parecia ser “um dia de sorte”. As coisas tinham dado certo no trabalho, me sentia extremamente feliz e, ainda por cima, consegui um lugar para sentar no ônibus. Coisa rara. Era um dos últimos bancos, daqueles que ficam virados para o lado oposto e nos forçam a ficar encarando durante boa parte do trajeto o passageiro que senta à nossa frente. Não demorou muito, e ele logo ficou vago. Foi aí que tudo aconteceu.

Novos passageiros entraram no ônibus, e junto a eles, estava ela: a mulher mais linda que eu tive a oportunidade de conhecer em toda a minha vida. Demorei a me dar conta do fato. Apenas reparei que dois rapazes que estavam sentados mais ao fundo, os únicos homens no meu campo de vista, ficaram boquiabertos com o que tinham acabado de observar. Logo entendi o motivo.

Alta, corpo escultural, cabelos negros longos reluzentes, uma boca que faria a da Angelina Jolie parecer beiço de criança, e os olhos verdes mais deslumbrantes que tinha avistado em toda a minha vida. Ela atravessou meu campo de visão ao acaso, procurando um lugar para se sentar, e não pude deixar de ficar abismado com a visão do paraíso que tinha acabado de presenciar. Toda vestida de branco, lembrava um anjo, e por alguns segundos me fez duvidar que ainda habitava o reino dos vivos. Pensei comigo mesmo: “Puta que pariu! É o meu dia de sorte!”.

Acreditem, não é exagero. Quer dizer, pode até ser exagero, mas quem presenciasse a cena certamente entenderia o motivo. A beleza bela era igualmente exagerada. Ela era uma hipérbole ambulante. Achei que mulheres assim não existiam de verdade. Que deviam ser fruto apenas da imaginação de escritores. Nunca fiquei tão feliz em descobrir que estava errado.

Ela parou na minha frente, olhou para um lado, para o outro e decidiu ficar em pé. Existiam dois lugares vagos: um banco “unitário”, mais ao fundo, onde teria a oportunidade de ficar a salvo de olhares curiosos até o fim da viagem, e um à minha frente, onde obrigatoriamente teria que ficar me encarando durante boa parte do trajeto. Ela pensou um pouco, olhou para o banco frontal a mim sem muito interesse, e para o outro. Analisou com calma o peso de sua bolsa e parece ter se decidido a seguir o resto da viagem sentada. Observou novamente os lugares, e deu dois passos rumo ao acento vago no fundo do ônibus. Normal. Não mantinha esperanças de tê-la sentada a minha frente. Olhar para mim durante boa parte de uma viagem realmente não é uma dádiva das mais agradáveis. O que eu não esperava é que ela parasse no meio do caminho, pensasse mais um pouco, e desse meia volta para se sentar no banco à minha frente. “Puta que Pariu! Realmente é o meu dia de sorte!”

Era difícil conter a empolgação. Analise comigo: seja você homem ou mulher, pense na figura mais linda do sexo oposto que consegue imaginar. Pois é. Eu estava observando um exemplar vivo dessas minhas expectativas no mesmo ônibus que eu, e melhor, sentada exatamente à minha frente.

Lá estava ela, sentada, olhando para fora sem muito interesse, alheia a todos os olhares fascinados, dentre os quais o meu. Mantinha uma expressão serena, tranqüila. Simples, mas feliz. Parecia não se dar conta de toda a beleza que exaltava em cada movimento, em cada gesto que fazia. E eu ali, de frente, de camarote, quase babando de emoção.

Não devia ter mais do que uns 22 anos. Era jovem, e levando-se em conta a minha idade não pude deixar de conceber a irreal mas fantástica hipótese dela “me dar mole”. “Já pensou se ela olha pra mim e diz: oi tudo bem? Você sempre pega esse ônibus? Eu seria o cara mais feliz do mundo”. Ri de mim mesmo. Ela estava muitos níveis acima de qualquer padrão de mulheres vagamente possíveis para mim. Aliás, duvido muito que qualquer homem estivesse em um nível digno do dela. Pobrezinha. Estava condenada a ser amada por seres inferiores.

Disfarçadamente passei a analisar com calma os detalhes ocultos escondidos sob minha empolgação momentânea. Percebi que na bolsa que carregava existia um nome pequeno, bordado em letras cursivas: Júlia. Júlia Medeiros. Que nome lindo. Se algum dia tivesse uma filha, esse seria o seu nome: Júlia. E se algum dia minha filha viesse me perguntar o motivo de seu nome, explicaria que foi em homenagem a um anjo que conheci dentro de um ônibus. Certamente seria chamado de louco e internado num asilo de pais caquéticos, o que não seria problema. Ia valer a pena.

Ela continuava observando a paisagem enquanto eu desfrutava de cada segundo de sua silenciosa e involuntária companhia. Suspirava por dentro. Quanta felicidade. E eis que, aparentemente entediada com a vista externa, ela virou o rosto e passou a analisar o ambiente do ônibus. Disfarcei imediatamente. Bocejou. Com a mão esquerda esfregou delicadamente os olhos para espantar o sono. Sorriu com os cantos da boca, como se acabasse de se dar conta de que estava cansada. E, do nada, olhou para mim.

Foi um olhar casual, mas definitivo. Ela parecia ter focado sua atenção em mim. Eu estava olhando para fora, para tentar disfarçar. Mas, com o cantinho dos olhos, podia perceber que ela analisava pausadamente minha face quase que retribuindo todo o tempo que tinha dedicado em medir cuidadosamente as feições de seu rosto.

Estava atônito. Sim, ela estava olhando para mim. O que fazer? Certamente ela devia estar pensando “Poxa... como é que deixam uma criatura dessas solta por aí sem coleira?”. Eu sabia que ela devia estar rindo por dentro, tentando desesperadamente conter sua vontade de soltar uma gargalhada em “homenagem” a mim. Mas não. Ela parecia estar me olhando com um certo interesse. Chegou até a inclinar levemente a cabeça para baixo a procura de um ângulo diferente para poder observar minha cara. E, para minha surpresa maior, ela parecia estar sorrindo. Um sorriso singelo como o de alguém que pensa “como ele é fofinho”.

Mas, o que fazer? Era fato que eu estava sendo observado. Observado com interesse. Observado, com interesse, pela mulher mais linda que já tinha visto ao longo de toda a minha vida. Sempre fui um covarde pra esses assuntos. Daqueles que tem vergonha de olhar na cara até de própria namorada. Tinha que tomar uma atitude. Aquele era um momento único. Certamente tomaria um fora, mas aquele era realmente um momento único. Seria o fora de minha vida. O fora que iria contar para os netos com orgulho. Diria: “E ela me chutou antes que eu pudesse terminar a frase”, e os meus netos me olhariam com admiração e diriam: “Caramba! Como o vô é foda!”

Tomei fôlego. Sim, eu iria encarar ela, estava decidido. Não iria desviar meu olhar enquanto ela não me fizesse ficar arrependido de minha ousadia. Era chegada a hora. Já estava totalmente vermelho de vergonha, podia sentir. Tomei fôlego novamente. Quanto mais rápido fizesse aquílo mais rápido teria a confirmação definitiva de minha inferioridade.

Me virei. Me virei fingindo uma certa distração, e pude confirmar o que o canto dos meus olhos já tinham constatado. A Júlia, a mulher mais linda que tinha visto, estava me olhando. Encarei. Mirei meu olhar diretamente para os dois olhos verdes dela. Um verde intenso, profundo, que fariam duas esmeraldas parecerem bijuterias. Resisti ao poder hipnótico daqueles olhos. Tinha que resistir. Lá estava eu, impassível, olhando-a de frente, corajosamente, esperando o “toco” derradeiro.

Ela percebeu. Tinha acabado de constatar que eu estava lhe encarando de frente. Era chegada a hora. Teria que ser punido pela minha ousadia.

Entretanto, para minha mais absoluta surpresa, não foi isso que aconteceu. Ela sorriu. Sim leitor, ela sorriu. Estava chocado por completo, tão chocado quanto vocês devem estar agora, mas ela sorriu. Ela estava sendo complacente, como que retribuindo minha admiração manifestada pelo olhar. Fiquei pasmo. A mulher mais linda que tinha conhecido estava olhando, para mim, e sorrindo. “Puta que pariu! Definitivamente é o meu dia de sorte!”

Não tinha o que fazer. Fiz apenas o que poderia ter feito numa situação daquelas. Sorri também, e não podia ter feito uma melhor escolha. Ela parece ter tido uma admiração renovada, como se meu sorriso tivesse servido de inspiração definitiva para ela. Estava me sentindo a reencarnação pobre do Brad Pitt.

Mas as surpresas não tinham acabado. Trocávamos olhares e sorrisos quando ela tomou a iniciativa:

-Oi!!

Sim, era inacreditável, mas era verdade. Ela tinha me dito “oi”. A mulher mais linda, deslumbrante, e incrível que tinha conhecido em toda a minha jovem vida tinha me dado um “oi” por iniciativa própria. Meu coração foi parar na goela.

-O.. oi!

_Tudo bem?

-Tu... tudo! Tudo bem. Tudo ótimo.

-Que bom.

Ela sorriu de volta. Parecia satisfeita com a reação. “Puta que pariu! Esse é realmente, com toda a certeza, meu dia de sorte!”

-Desculpe estar te incomodando....

-Imagina... o que é isso! Você não está incomodando!

-Que bom... bem, é... eu não pude deixar de perceber que você estava me olhando.

Ai meu Deus. Era agora. Ela ia me esfregar na cara que não, ela não queria ter nada comigo. Ou, na melhor das hipóteses, ela iria perguntar se eu queria o telefone dela para marcarmos um encontro qualquer dia desses. Sabe como é que é... para nos conhecermos melhor. Já pensou nisso??? Eu estava prestes a ganhar na loteria sem nem ao menos ter feito a aposta. Era sorte demais, era felicidade demais. Mas ela ia falar. Sim, ela ia falar. O momento que tinha esperado ansiosamente por toda minha vida estava prestes a se concretizar.

-É... bem... hehehe... sim, eu estava olhando para você. Desculpe.

-Ah... o que é isso! Não precisa se desculpar. Foi até bom que você tivesse prestando atenção em mim.

-É?? Porque??

-Porque sim... eu acho que posso te ajudar.

-Ajudar??

-É, ajudar... quer meu telefone??

-É claro. Se não for incômodo.

-Ai que bom. Peraí.

Ela abriu a bolsa, e depois de tatear às escuras durante alguns segundos, tirou um cartãozinho lá de dentro, e me entregou. Nele, estava escrito em letras grandes o que eu já sabia: Júlia Medeiros. Mas tinham informações novas também. Seu telefone, e seu emprego: dentista.

-Ah... obrigado pelo cartão mas, porque ele?

-É que não pude deixar de perceber que você tem um pequeno problema dentário!

-Como é que é?

-Problema dentário! O seu canino direito é meio torto. Acho que seria interessante fazermos um tratamento enquanto você ainda é jovem para evitarmos problemas maiores no futuro.

-Ahhh... bem, podemos pensar a respeito. Hehehe! Seria legal tê-la como doutoura. Bem que eu estava precisando de uma dentista!

-Bem, na verdade, eu acho que essa área de tratamento é mais específica para o ramo odontológico em que meu marido trabalha!

-Marido?

-Sim... marido. Ele também é dentista, e acho que ele pode lhe atender melhor do que eu. Você vai adorar ele. Ele é um amor de pessoa.

-Imagino...

-Bem, você tem o telefone do nosso consultório. Se estiver interessado no tratamento é só ligar.

-Ah sim... ok!! Obrigado, viu?

-Imagina... foi um prazer. Opa... cheguei no meu ponto. Tenho que ir, viu? Tchau.

Ela se levantou, pegou a bolsa e desceu tão rápido que mal pude perceber o que estava acontecendo. Ainda estava assimilando o que tinha acabado de presenciar.

“Puta que pariu! Não era o meu de sorte!”

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Balanço

Pouco mais de duas semanas de blog e constatei o que já suspeitava: sou um tremendo sucesso de público! Desde que decidi tornar esse espaço realidade, já fui agraciado com a visita de dois, (isso mesmo) dois leitores. Nunca três textos cretinos meus foram tão lidos. Tenho certeza que nesse ritmo, será apenas questão de semanas para que representantes de editoras estejam me procurando, implorando por um contrato de trabalho vitalíque representantes de editoras estejam me procurando em casa, implorando por um contrato de trabalho vitalcio. Mal sabem eles que vou negar a proposta. Não troco minha vida boêmia de escritor frustrado por nada nesse mundo.

E a humildade, como se percebe, continua sendo meu ponto forte.

Abraços a todos!!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Os Garotos de Liverpool

Hoje é um dia histórico para mim. À poucas horas atrás me redimi de uma das maiores falhas de minha vida: não ter nenhum CD do Beatles. Resolvi deixar de lado a avareza (pelo menos por hoje) e botar a mão no bolso. Às cegas, tateei a prateleira da loja até encontrar um disco dos caras. Levei sorte. Achei, logo de primeira, uma coletânea: “The Beatles One”, álbum da banda que traz todos os seus singles que chegaram em primeiro lugar nas paradas de sucesso ao redor do mundo. Uma verdadeira overdose (das boas) dos garotos de Liverpool.

O termo “famosos” é pouco para defini-los. Todas as pessoas que pretendem conhecer quais foram as figuras mais influentes da história da música, certamente vão ouvir falar desse quarteto inglês. Jonh, Paul, George e Ringo são considerados até hoje um dos maiores fenômenos pop da humanidade. Estima-se que eles venderam sozinhos 1 bilhão e meio de discos no mundo inteiro, entre LPs, singles, K7s e Cds (!!!!). Sucesso estrondoso. Além disso, eles são responsáveis por inúmeros outros recordes no ramo fonográfico que dificilmente vão ser batidos (quem quiser tirar as dúvidas a respeito do que eu estou falando, pode dar uma passadinha rápida no Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_beatles ).

E é aí que eu entro. Admito que apesar de toda minha admiração pelos Beatles, vinda já de tempos remotos, não foi esse o motivo principal que me fez ir em busca do CD. Estava desesperado atrás de uma canção específica: “Help!”. Já fazia algum tempo que a melodia dela estava travada dentro de minha cabeça clamando por liberdade. Precisava urgentemente ter aquela música à minha disposição para exorcizar de vez a vontade louca que sentia de ouvi-la. O que eu não esperava, era encontrar no álbum outros 26 motivos para ficar cantarolando o dia inteiro com meu inglês de filme.

Geralmente para absorver todo o conteúdo de um CD, preciso ouvi-lo três ou quatro vezes enquanto faço outra coisa qualquer (como escrever baboseiras como essa, ou jogar paciência). Dessa forma, consigo me acostumar com tal sonoridade a ponto de afirmar se o álbum em questão é bom ou não é. Já perdi as contas das vezes em que achei um determinado CD horrível da primeira vez em que eu o ouvi, e que depois da segunda, terceira ou quarta tentativa, ele tenha se tornado agradável.

Com “One” isso ao foi possível. Não deu tempo. Sabe aquele momento em que você ouve os primeiros segundos de uma música e não consegue deixar de dar um sorrisinho de satisfação? Pois é. Foi o que aconteceu comigo hoje. “Love Me Do”, a primeira canção do álbum, é o soco na boca do estômago mais prazeroso que alguém pode tomar. É simplesmente impossível escapar ileso ao efeito contagiante causado pelo single. Dá vontade de sair por aí pulando e passando a mão na bunda de todo mundo. É felicidade pura. Difícil até de explicar.

A seqüência do CD é igualmente empolgante. Hits como “She Loves You”, A “Hard Day’s Night”, “I Fell Fine”, “Help!”, “Yesterday” e “Yellow Submarine” vão se alternando numa deliciosa reação em cadeia que só tem fim 27 faixas depois. Pouco menos de uma hora e vinte minutos de uma das mais agradáveis epopéias musicais que já tive o prazer de ouvir.

Em tempo: nunca concordei com a afirmação de que os Beatles foram “gênios da música”. Os caras tem uma obra magnífica, fantástica, impressionante e isso é fato. Ir contra tais afirmações é ignorar a razão. De qualquer forma, “genial” sempre me pareceu um adjetivo grande demais para quem quer que fosse, com raríssimas exceções. Mas, o fato é que depois de ouvir “One”, estou pensando seriamente em rever minha teoria. Eles podem até não ser geniais, mas, cá entre nós, eles são bons pra caralho!!

Enquanto escrevo isso, ouço pela terceira vez consecutiva o álbum. Paixão à primeira vista? Talvez… meu único problema será conseguir arranjar forças para parar de ouvir as peripécias musicais desses quatro garotos que saíram de uma cidade inglesa chamada Liverpool e ganharam o mundo. Acho que vou precisar de ajuda. Help!!