sexta-feira, 6 de abril de 2007

Cheirou, ta cheirado

E não é que meu blog me surpreende a cada dia? Na mesma semana em que fiz uma postagem elogiando uma banda inglesa da nova geração, os Artic Monkeys, Keith Richards, o lendário guitarrista dos Rolling Stones, concedeu uma entrevista onde entre dezenas de declarações bizarras, afirmou seu repúdio aos novos “rockeiros” de seu pais: "Todo mundo é um lixo” teria dito. Das duas uma: ou ele andou lendo meu blog, numa prova inexorável do prestígio meteórico alcançado por esse espaço em pouco mais de dois meses de existência, ou tudo não passou de uma daquelas coincidências convenientes que acontecem de vez em quando. É obvio que a primeira hipótese é muito mais provável. Sinal de que além de um escritor cretino, estou me tornando uma nova referência crítica do cenário musical.

Piadas à parte, o fato é que nem todo mundo tem paciência pra ouvir o rock inglês. Tem gente que fala que depois dos Beatles e dos Rolling Stones, tudo o que surgiu na terra da rainha não passou de nostalgia barata, uma tentativa frustrada de captar fragmentos do brilhantismo incontestável dessas duas grandes bandas. Pura maldade. O fato é que entre erros e acertos, tem muita coisa boa vinda da cena rock desse país.

Richards citou especificamente três bandas: Libertines, Arctic Monkeys e Bloc Party, três dos grupos musicais mais elogiados ao redor do mundo nos últimos anos.

O fato é que a declaração não surpreende. O guitarrista é um fóssil vivo, no bom sentido. Para quem viveu uma época áurea do rock, e inclusive serviu de influência para tudo que surgiu depois no cenário musical local, era de se esperar uma certa rejeição ao novo. Para ele, provavelmente, tudo parece ser pobre demais, superficial demais. Os mais “românticos” costumam dizer que o rock perdeu intensidade, força e espírito revolucionário, o que de certa forma soa como verdade.

Será que ele está certo? Difícil dizer. Gosto não se discute. Sou daqueles que defendem com unhas e dentes a teoria de que vale a pena valorizar e garimpar as rádios por aí à procura de novas esperanças. Para mim o rock ainda não morreu. Não até que me provem o contrário.

Em tempo: para quem não conhece, vale a pena conferir um pouco da história de Keith Richards. O cara é simplesmente uma das figuras mais emblemáticas que o rock n’roll já produziu. Brilhante como músico, criou tantos riffs de guitarra que é considerado um dos maiores “inventores” da história de tal recurso musical. Além disso, é um (anti) herói da resistência. Consumidor assumido e assíduo de drogas, até hoje ninguém entende como é que ele permanece vivo depois de tantas overdoses. Reza lenda que no início da década de 70 ele se submeteu a uma troca completa do sangue do seu corpo para sobreviver aos seus abusos com os narcóticos. Verdade ou não, imagino que ele é um exemplo terrível para os pais protetores desse mundo:

-Então é isso meu filho! Que bom que tivemos essa conversa. Nunca se esqueça disso, viu? As drogas matam... matam em pouco tempo, portanto cuide-se e afaste-se delas!

-Ta pai... mas e o Keith Richards? Pelo que você falou ele já devia estar morto!

-Bem... éeee... opa, olha só a hora filho! To atrasado, viu? Outro dia a gente conversa mais sobre isso! Tchau!

E pra completar o lado folclórico do guitarrista, essa semana ele saiu como destaque na imprensa do mundo todo depois de ter afirmando numa entrevista que tinha cheirado as cinzas do próprio pai misturadas com cocaína. Pouco tempo depois, sua assessoria veio à público afirmar que tudo não tinha passado de uma brincadeira. Verdade ou não, o fato é que o lendário músico somou mais uma boa história ao seu hall de causos bizarros. Se o cara falou, ta falado. No caso dele: cheirou, ta cheirado.

Um bom conselho é conferir essa matéria publicada no G1 com os melhores momentos da entrevista que ele concedeu recentemente a uma revista britânica. Lá está a polêmica das bandas, o caso das cinzas (a matéria específica sobre o caso pode ser conferida clicando aqui) e outras inutilidades interessantes a respeito do cara.

Passem por lá e aproveitem a “viagem”... no bom sentido, é claro.